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Desafio de se consolidar como a capital da tecnologia

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No dia 04 de novembro, São Carlos (SP) estará comemorando 153 anos da sua fundação. Entre os vários desafios que a cidade necessita trabalhar esta a busca por um caminho que permita consolidar seu parque empresarial baseado em tecnologia. A capital da tecnologia, como a cidade também é conhecida, ainda possui ferramentas e processos precários para transformar conhecimento em riqueza. Isto é, passar do mundo de Francis Bacon, que afirmava no século 17 que o conhecimento é poder, para o de Adam Smith, que cem anos depois escreveu que o conhecimento pode ser transformado em riqueza.

Para Antonio Valerio Netto, que é Doutor em computação pela USP e diretor da empresa Cientistas, uma empresa especializada em desenvolvimento de produtos tecnológicos para terceiros; a cidade não conseguiu compreender como realizar, de forma eficiente, a transferência do conhecimento gerado nas universidades e centro de pesquisas (chamados ICT – Instituto de Ciência e Tecnologia) para o meio empresarial. Valerio Netto, que também é o coordenador titular do núcleo regional de inovação (NRI) do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), salienta que na cidade vigoram alguns modelos praticados, mas que os mesmos não conseguem ser reproduzidos de forma escalonada, isto é, servem somente para uma determinada empresa com um determinado laboratório de ICT presente na cidade.
Para que a cidade realmente se torne a capital da tecnologia, faz se necessário uma política de estímulos que privilegie aqueles empresários que realmente desejam produzir inovação em seus produtos e serviços, isto é, novas formas de aumentar ganhos, diminuir custos, enfim, melhorar o seu portfólio. É fato que o melhor estímulo advém da livre concorrência, quando um empresário se vê perdendo espaço no mercado, e seus lucros, diminuindo. Contudo é fácil notar que não tem acontecido de forma natural essa inclusão tecnológica das empresas são-carlenses.

A cidade é conhecida pelas suas universidades e centro de pesquisas como referência nacional. Nesses locais são geradas pesquisas importantes e formados anualmente grande número de graduados, mestres e doutores de excelência já comprovados, contudo, são raros os exemplos de empresas de base tecnológica são-carlense de grande sucesso comercial. Os poucos exemplos não advém de um processo maduro de entendimento da transferência de tecnologia e de geração de estratégias de negócios baseado em tecnologia. Diante disso, para onde vai tanto conhecimento de qualidade gerado em nossa cidade? Eles acabam não conseguindo alcançar as empresas produtivas em forma de produtos ou serviços agregados, e por isto, não conseguem gerar grande quantidade de empregos para a cidade e arrecadar grandes somas em impostos que, posteriormente, poderiam ser revertidos para própria cidade.

Com relação a São José dos Campos e Campinas, que são cidades que também possuem forte viés tecnológico, é a única que infelizmente não conseguiu iniciar um processo de capital semente para startups tecnológicas ou mesmo constituir uma APL (arranjo produtivo local) para fortalecer as pequenas e médias empresas de tecnologia. Atualmente, existe uma grande quantidade de micro e pequenas empresas que continuam trabalhando em separado, poucas buscam se unir para resolver questões em conjunto, como acesso ao mercado, melhoria de suas estratégias de negócios e fortalecimento de rede de relacionamento para fornecimento.

A mudança desse quadro inerte passa por uma revisão da cultura organizacional da própria cidade. É fundamental que haja ações de estímulo aos cidadãos são-carlenses para que o mesmo não denote que o problema é pontual e que a culpa seja de um determinado segmento. Deve-se trabalhar a união de esforços e fortalecer as entidades representativas. Enquanto a cidade não buscar uma unanimidade, a mesma estará se enfraquecendo e se dispersando em grupos pouco representativos. O conhecimento tecnológico é vasto e muitas vezes dispersivo, a tecnologia é focada e orientada a resultados.


Sistema inteligente para manutenção de equipamentos com o apoio da Electrolux e do CNPq

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No mês de junho foi finalizado o desenvolvimento de um projeto piloto que contou com o apoio financeiro do programa RHAE-Inovação do CNPq. Trata-se de um sistema de manutenção inteligente que utiliza a tecnologia de Raciocínio Baseado em Casos (RBC). O sistema foi desenvolvido pela empresa de tecnologia Cientistas Associados em parceria com a Electrolux S.A. que aplicou o sistema para manutenção da linha de produção de uma das suas lavadoras. Este sistema é capaz de apoiar seus operadores e técnicos de manutenção no rápido diagnóstico e tomada de decisão diante de uma falha do equipamento ou do processo de produção; além de criar uma memória corporativa e disponibilizar o conhecimento para toda a empresa.

A técnica de RBC é amplamente aplicada na área de manutenção em empresas com a Bombardier, GE (General Electric), NASA, British Airways, GM (General Motors) entre outros. Trata-se de uma tecnologia que pode ser utilizada desde helpdesk até diagnósticos de doenças. Essa tecnologia foi idealizada para ser capaz de obter conhecimento a partir de informações sem estrutura definida (registros em bancos de dados + registros diversos + anotações de especialistas). Permite a construção de protótipo nas fases iniciais do projeto, além disso, a base de conhecimento pode ser ampliada, isto é, é fácil incluir um novo caso.

Os benefícios diretos da técnica estão relacionados à organização de dados e informações proporcionando aquisição de novos conhecimentos. Permite agilizar o trabalho do técnico no diagnóstico de uma possível falha e fornecer relatórios de manutenção e análises estatísticas. Com a técnica é possível transferir o conhecimento de especialistas experientes para os novatos criando uma memória corporativa compartilhando experiências individuais.

Um ponto importante neste projeto foi o modelo de implantação da tecnologia utilizado. De um lado uma empresa especializada e detentora da tecnologia, de outro, um potencial cliente que identifica a aplicação da tecnologia, mas que por falta de exemplos de casos de uso da tecnologia em sua área, necessita que a mesma seja testada em um caso prático que ela domina. Dessa forma, ela pode identificar os benefícios dessa adoção em sua própria estrutura corporativa. Por fim, um órgão de fomento a pesquisa do governo federal que auxilia na diminuição do risco financeiro, a partir do momento que investe dinheiro para que a empresa detentora do conhecimento possa contratar mão-de-obra especializada para realizar o desenvolvimento e a implantação.